Iniciativa tem como objetivo mostrar a diversidade e a riqueza cultural do povo indígena através de apresentações musicais e oficinas para confecção de panflute em escolas

A música tradicional andina está ecoando pelos corredores de escolas públicas dos Campos Gerais. Idealizado pelo músico e professor Luís Javier Paredes Reategui, o projeto “Flautas Ancestrais Indígenas: resgate e valorização”, permite que os estudantes entrem em contato com a cultura inca através de apresentações musicais e oficinas para confecção de panflute. Na última quinta-feira (6), a iniciativa esteve no Colégio Estadual do Campo Baldomero Bittencourt Taques, em Tibagi, e segue para Piraí do Sul, Carambeí e Ponta Grossa nos próximos dias. O projeto é viabilizado pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná através de recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura do Ministério da Cultura (Governo Federal) e conta com a produção executiva da Dali Projetos Criativos e da ABC Projetos Culturais.

Para o diretor do Colégio Estadual do Campo Baldomero Bittencourt Taques, Márcio Rodrigo dos Santos, foi muito gratificante para os estudantes terrem contato com a música e outros elementos da cultura andina. “Os alunos tiveram a oportunidade de ver ao vivo o que eles vêm no livro didático e nas aulas de história, mas muitas vezes estão tão distantes do nosso dia a dia. Isso enriquece o conhecimento deles”, enfatiza, acrescentando que o projeto soma com o que os professores trabalham em sala de aula. “Durante a apresentação, os alunos lembraram que já tinham estudado sobre a cultura inca. Todos gostaram e, inclusive, ficaram curiosos e queriam saber mais sobre a arte e a cultura desse povo”, comenta.

Javier é natural do Peru e cresceu em contato com a música e a cultura inca desde criança. “Meus avós são de Cusco, descendentes dos incas, e foi com eles que eu aprendi a tocar flauta. E a gente aprende brincando, como aqui as crianças aprendem a tocar um pandeiro ou jogar bola. É algo muito natural para nós lá, porque faz parte da nossa tradição”, explica. Hoje, ele usa essa arte para conscientizar as crianças de que existem outros povos e outras etnias, que mantêm suas tradições e seus costumes de forma independente. “Às vezes, as pessoas têm a ideia de que os indígenas são um grupo só, que todos são iguais e têm os mesmos costumes. Na verdade, não é assim. Cada povo tem sua própria tradição, sua própria cultura, suas próprias crenças e seus próprios costumes”, enfatiza

Mais do que uma apresentação musical com as flautas, o projeto promove a conscientização e a reflexão. “Eu acredito que a música possa ser uma ferramenta, não só para a reconstrução da identidade, mas também para a afirmação da identidade indígena e para mostrar a riqueza que há dentro de cada povo”, frisa. Ele destaca que a intenção é que os professores também possam trabalhar esses temas dentro da sala de aula. “Eu me apresento vestido à caráter, mostro os instrumentos tradicionais, conto um pouco da história do povo inca e algumas curiosidades da nossa cultura. Então, todas essas informações é um material muito rico para que os professores possam trabalhar de forma transversal e enriquecer o trabalho pedagógico da escola”, salienta.

Ao todo, o projeto vai percorrer escolas públicos de dez municípios dos Campos Gerais com palestras sobre os instrumentos tradicionais indígenas, apresentações de músicas folclóricas e oficinas para confecção da panflute. As ações educativas acontecerão nos municípios de Ipiranga, Ivaí, Tibagi, Piraí do Sul, Palmeira, Porto Amazonas, São João do Triunfo, Castro, Ponta Grossa e Carambeí.

Agenda de apresentações

14/11 – Piraí do Sul

Local: Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto

18/11 Carambeí

Colégio Estadual Professora Julia Wanderley

⁠28/11 Ponta Grossa – distrito de Guaragi 

Escola Municipal Professora Maria Elvira Justus Schimidt