O filme já começa relembrando os bons momentos antes da catástrofe acontecer. A história se passa em uma ilha, nesta ilha acontece uma explosão em uma espécie de usina nuclear, assim matando tudo o que há em volta. A população após isso fica esquecida e miserável tendo que se sustentar do que encontram no lixo acumulado.
Nesse cenário caótico temos Birdboy, ou garoto-pássaro em português. Assistindo a animação você percebe que ele é o personagem mais depressivo de toda trama e já de cara mostra o uso de drogas de BirdBoy.
No decorrer da animação você percebe que não se trata de somente um garoto-pássaro que utiliza drogas, mas sim de um órfão que faz uso dessas pílulas e entorpecentes para esquecer seus medos/demônios interiores. Mas nem sempre isso é eficaz, muitas das vezes consumi-las faz com que o personagem seja consumido por suas inúmeras angústias.
A trama não foca somente em Birdboy, há um grupo de amigos: Uma raposa, uma coelha chamada Sandra e uma ratinha chamada Dinki que tentam fugir daquela ilha inóspita. E cada um desses personagens também tem seus problemas. Dinki está deprimida e sente falta da sua antiga realidade, Sandra escuta vozes, e essas vozes sempre falam que ninguém fará nada por ela a induzindo acabar com tudo e a raposa não confia em si mesma. Eles têm como objetivo deixar tudo para trás e para isso eles entram no território dos ratos, e lá as coisas acabam não sendo muito fáceis para os amigos.
Na ambientação, predomina os tons de preto e vermelho, principalmente quando os demônios de Birdboy tomam conta da cena. O autor também brinca com as texturas dentro da animação, sendo possível observar pontos em aquarela, por exemplo.
Outros dois personagens que fazem uma crítica direta são os policiais. Esses personagens querem a todo custo matar Birdboy, pois o acusam sem provas de ser traficante, assim também matam outros pássaros inocentes sem motivo nenhum. É a frase “uma mentira dita muitas vezes acaba virando verdade” que acontece com Birdboy e seu pai.
A trama no geral retrata que superar e esquecer os nossos traumas, medos e problemas nem sempre é fácil, eles estão lá, conosco, fazendo parte de quem nós somos. É uma animação que, definitivamente, não é para crianças, tem morte, sangue, drogas, cenas de destruição, violência, além de tratar assuntos complexos mesmo de forma abstrata.
“Psiconautas, as crianças esquecidas” é uma animação que vale a pena ser degustada em doses homeopáticas, compreendendo a complexidade e dores de cada um dos personagens.
“Somos as crianças esquecidas. Não temos pai nem mãe. Buscamos no lixo o nosso futuro”
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