O futebol sempre teve um espaço fixo no coração dos brasileiros. Durante o ano todo temos jogos como o Brasileirão, a Copa América, Copa do Mundo (que alias é ano que vem), Olimpíadas, Série A,B,C…
Em 2025, após 10 anos, o Operário Ferroviário Esporte Clube, time da cidade de Ponta Grossa, ganhou o Campeonato Paranaense. O estádio lotado, filas enormes para comprar os ingressos, os cantos na ponta da língua, esse foi o cenário da final do paranaense.
Mas já pararam pra pensar por que o futebol consegue cativar e mobilizar tantas pessoas?
A Trem Fantasma é a torcida organizada do time e a Expresso Feminino – TTF, começaram os trabalhos cedo no dia da final do Paranaense. Antes das 13:00 da tarde eles já marcavam presença em frente ao Estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa. Neste dia 30 de março, o Operário ganhou nos penaltis do Maringá.
Lenon Henrique, membro da Trem Fantasma, conta que estava ansioso para o momento. “O que eu sinto pelo Operário é um amor que vem desde pequeno e que passou de geração para geração. Meu tio, que foi como um pai pra mim e hoje não está mais aqui, quem me ensinou desde pequeno, buscando eu e meu irmão para ir assistir no estádio. O tempo foi passando e a gente foi crescendo e o amor cresceu junto”, comenta.
Mas nem tudo são flores, também há a parte negativa da torcida. Infelizmente no país, torcidas foram punidas e vetadas de participarem dos jogos do time do coração. Mas por quê? Briga, violência, atos de racismo muitas vezes. Essas são atitudes que extrapolam os limites da paixão pelo time. O Relatório de Violências no Futebol realizado pelo Observatório Social do Futebol da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) pela primeira vez em 2024 aponta que em 2023, houveram 158 casos de violência física e verbal nos estádios sendo que 138 deles eram de violências físicas. O maior volume de casos é encontrado em São Paulo e no Rio de Janeiro. No Paraná, a porcentagem de violência encontrada foi de 7%. Em sua grande maioria, a violência é entre torcidas de times diferentes.
Futebol feminino e a admiração
Recentemente presenciei no antigo Twitter uma discussão sobre o fanatismo feminino e masculino, e como as mulheres sempre estão no local descredibilizado, seja praticando ou apreciando futebol. Parece que a mulher precisa sempre ficar provando que gosta mesmo de futebol e que sabe jogar futebol. Isso acontece pois somos condicionados a pensar assim. Estamos em uma sociedade moldada por homens e feita para eles. É fácil de observar, basta acessar qualquer post sobre o futebol feminino, que felizmente tem ganhado espaço, pouco, mas tem.
Thais Spinelli, técnica do time de futsal feminino em Ponta Grossa, aponta que transmitir os times femininos de esportes que são considerados esportes masculinizados na tv aberta é benéfico. “É só o começo. Se não existissem mulheres que no passado enfrentaram ditadores, preconceitos e tantas dificuldades não estaríamos nessa entrevista, assim como hoje já percebemos avanços, a perspectiva futura é que tudo esteja muito melhor, porém volto a frisar, sem investimento não mudaremos. É necessário que o poder público invista no esporte de base, celeiro de grandes talentos que ficam escondidos por falta de apoio. Sobre a TV , percebo que algumas pessoas comentam sobre, porém a lógica continua a mesma: esporte de homem, os comentários são muito machistas, que jogo de mulher não tem graça, que não é animado. Porém é uma quebra de paradigmas, pois aos poucos a transmissão televisiva demonstra que o lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive nas quadras, ginásios e campos”, finaliza.
Futebol como cultura
Futebol é o lazer mais acessível no Brasil e não é à toa que movimenta milhões de pessoas nos estádios do país todo. Mas para quem vive o dia-dia do torcedor, futebol não é brincadeira, nem mesmo para os torcedores. De acordo com Lenon, torcer e fazer parte de uma torcida organizada demanda muita organização e boa logística. “A sede dos torcedores foi fundada em 2009, com o objetivo de incentivar o time, cada um tem sua função, tem diretor, presidente, o pessoal do financeiro, o pessoal responsável pela compra de materiais, tudo trabalho voluntário, mas sempre em prol do operário”, pontua o torcedor.
“A gente é como se fosse uma família, um ajuda o outro, um respeita o outro, quando precisa você sabe que pode contar com a pessoa, a gente até fala que ali somos todos irmãos.” Ele ainda pontua que os afazeres não ficam só entre a sede e o time, mas expandem para a sociedade”. A gente se mobiliza para realizar muitas ações, como para a páscoa , foi arrecadado dinheiro para a compra de chocolates, muitas das vezes por meio de venda de rifas, ou cada um ajuda com uma quantidade de dinheiro, e ai distribuídos para as crianças. O amor e o movimento vai além do Operário”.
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