Você sabe o que são os pontos e pontões de cultura?

Pontos de cultura são entidades sem fins lucrativos, coletivos, grupos que são culturais e que produzem atividades culturais na cidade e regiões em que ela se encontra. Mas existem também os Pontões de Cultura, que basicamente são entidades culturais ou instituições públicas que ajudam na organização dos pontos de cultura para desenvolverem atividades e iniciativas culturais, seja em âmbito territorial ou com um recorte, podendo ser de tema, identidade, etc. 

Quem deseja se tornar pontos ou pontões pode solicitar para o Ministério da Cultura. O processo de certificação é feita de forma online. Essa certificação não garante às instituições o recebimento de recursos, entretanto adquirir esse título pode ajudar a conseguir parcerias para o projeto e a pontuar em vários editais. 

Os pontos e pontões não seguem um modelo, somente precisam fomentar a cultura dentro da comunidade em que estão. No Brasil, existem mais de 10 mil pontos e pontões e no Paraná o número chega a 466 locais cadastrados.

Ponta Grossa e a cultura ponta-grossense 

O número de pontos e pontões não está atualizado no site Cultura Viva quando nos referimos a Ponta Grossa, mas sabemos que um desses pontos é o Bando da leitura, que em 2025 completa 18 anos de existência. 

Criado em 14 de março de  2007, por iniciativa de Lucélia Clarindo, o Bando da Leitura busca por meio da contação de histórias incentivar a criatividade das crianças e jovens que frequentam o local.

No site do projeto é possível encontrar registros (fotos e vídeos) do início do projeto que é realizado na própria casa de Lucélia. Além da contação de histórias, os frequentadores também participam de atividades culturais como discussões sobre livros, atividades lúdicas e manuais, além de eventos culturais que escolhem o bando como ponto de encontro. 

De acordo com Lucélia, o Bando surgiu por iniciativa de duas ex-alunas suas. “A ideia da criação do bando veio mesmo de duas meninas, de 9 anos , minhas ex -alunas que vieram até minha casa para continuar nossas leituras que fazíamos na escola. Era para ser só um dia… A Bianca e a Ana Paula trouxeram mais cinco meninas, mas aos poucos vieram muitas crianças, que por livre vontade vinham toda quarta feira às 14h para ler, ouvir e participar de dramatização de histórias”.

As crianças faziam a propaganda dos encontros de maneira criativa. “criaram um sistema de fazer convites , escrito a mão  e personalizados.  E elas entregavam na escola”, comenta a contadora de histórias.  

O início era simples, com uma gestão realizada por Lucélia e sua própria família, na varanda de sua casa. O espaço era organizado com apenas alguns livros, fantasias, papéis e lápis de cor para desenhar. “Minha sogra separava o lanche que as crianças traziam, minha filha ajudava na preparação da mesa, meu filho mais velho compunha músicas, e junto com um colega , tocavam canções e faziam a trilha sonora das apresentações, sempre no espaço da minha casa”. 

Com o passar dos anos o bando foi mudando, evoluindo e conquistando espaços. Hoje possuem uma sala de leitura do Rotary Alagados, ateliê com recursos da família e parceria com o curso de jornalismo da UEPG. O dia dos encontros mudou para as sextas-feiras  e em 2008 o bando conquistou o prêmio de Pontos de Leitura do Governo federal, que possibilitou ampliar o acervo e o Bando passou a possuir  uma sala de leitura.

Mas Lucélia antes de se dedicar ao Bando da Leitura, era professora da rede municipal de Ponta Grossa e foram mais de 20 anos se dedicando a educação básica do município. 

Pelo bando passaram centenas de crianças, ex-alunos, amigos desses alunos, moradores das redondezas. De início era uma média de 30 crianças e jovens que frequentavam a casa de Lucélia, além disso tinham aulas passeio  e quando as escolas agendavam para trazer os alunos ao Bando. Com a pandemia essa o número de crianças nos encontros diminuiu, entretanto houve um aumento na procura para as aulas passeio.

Hoje o Bando da Leitura é um Ponto de Cultura, e de acordo com Lucélia foi um processo complexo para conquistar tal feito. “Foi um processo bem burocrático, porém com muita boa vontade de todos que participaram . Com a criação do Bando Mulheres em 2022 , criamos um grupo de atenção ao bando da Saudade e das crianças. Essas mulheres não mediram esforços para formarmos um coletivo e fortalecer ainda mais nossas ações”, comenta.

Sendo Ponto de cultura do município, segundo a professora, o Bando agora faz parte de uma rede, com vários grupos de divulgação, possibilitou ampliar as ações realizadas no bando da leitura, com espetáculos, por exemplo, permitindo que mais pessoas tenham contato com as linguagens artísticas, e ter essa certificação passa a ser importante para possibilitar dar continuidade a essas ações. É uma rede de contatos que possibilita a disseminação e conexão de projetos culturais.

O bando tem ideias e projetos futuros, entre elas um encontro de Pontos de Cultura de Ponta Grossa, além de participar de reuniões de Pontos de Cultura para divulgar as ações do Bando da Leitura e principalmente continuar trazendo mais pessoas e mais atividades artísticas. 

O Bando e a Lucélia tem um lema: “O bom do bando é que o bando é bom!” Lucélia deixou de ser a jovem que lia sob a luz de um lampião para se tornar um dos maiores nomes da contação de histórias de Ponta Grossa.