OPINIÃO: Groupies – Como Assassinos em Série Se Tornam Ídolos Pop

Por Maria Fernanda de Lima

A série “Dahmer: Um Canibal Americano” lançada em  2022 pela Netflix trouxe à tona um fenômeno perturbador: a idolatria por serial killers. Jeffrey Dahmer, um dos mais notórios assassinos em série dos Estados Unidos, responsável pela morte de mais de 17 pessoas entre 1978 e 1991, passou de um vilão da vida real para uma figura celebrizada. Como é possível que criminosos tão cruéis se tornem ídolos pop?

O fenômeno de admiradores de assassinos em série, conhecidos como groupies é multifacetado e problemático em várias dimensões. Em parte, tem relação com o sensacionalismo midiático que envolve a cobertura dos casos. Na maioria das vezes, a mídia contribui para a construção da notoriedade ao redor desses criminosos, tornando-os figuras de destaque, o que atrai a atenção de curiosos e potenciais admiradores.

A tendência a se fascinar pelo crime e pela psicologia dos criminosos criou o famoso gênero True Crime, que inspira documentários, podcasts, séries, canais do YouTube e muito mais. Algumas pessoas estudam esses casos como um hobby ou interesse intelectual, o que pode, inadvertidamente, contribuir para a glamorização desses indivíduos.

A busca por atenção também desempenha um papel significativo nesse fenômeno. Alguns groupies se identificam como admiradores de assassinos em série como uma forma de chamar a atenção, chocar os outros ou se destacar de alguma maneira. Os requintes de crueldade caracterizam e atraem atenção para os criminosos. A atração pelo tabu e o comportamento proibido também não podem ser subestimados. Para muitos, a natureza chocante e proibida dos crimes dos serial killers desperta interesse e desejo. Infelizmente, esse comportamento vai além da simples idolatria. Um pequeno número de groupies cruza a linha e age de maneira criminosa, repetindo o modus operandi dos assassinos em série, sendo conhecidos como copycats. A celebração dos criminosos pode ter consequências graves, motivando outros a cometer atos violentos e criando sucessores para os criminosos presos.

O caso #freemenendez, onde fãs pedem a liberdade dos irmãos Lyle e Erick Menendez, condenados à prisão perpétua por matar seus pais, é um exemplo extremo desse fenômeno. Embora eles aleguem ter sofrido abusos sexuais, é fundamental lembrar que a internet não pode decidir sobre a liberdade ou culpabilidade dos criminosos.

Devemos nos perguntar que tipo de grupos e pessoas idolatram aqueles que cometeram atos tão cruéis, muitas vezes ignorando o sofrimento das vítimas e suas famílias. A idolatria de serial killers é um sintoma de uma sociedade que precisa refletir sobre seus valores e prioridades. Devemos promover empatia pelas vítimas e manter um foco nas consequências dos crimes, não na notoriedade dos criminosos. É hora de repensar a forma como lidamos com esses casos na mídia e na cultura popular, lembrando-nos de que a verdadeira tragédia reside nas vidas perdidas e no sofrimento das vítimas e suas famílias.


Maria Fernanda é jornalista formada pela UEPG e atua há três anos como Copywriter, já tendo passado por diversos segmentos do marketing. Cursando Licenciatura em Letras, ela é também voluntária em ocupações catequéticas, através das quais utiliza do espaço de ensino para perpetuar valores de ética, filosofia e moral. Para promoção de conhecimento, entreterimento e desenvolvimento pessoal, investe na escrita independente de reportagens e romances.