Em uma entrevista exclusiva ao Cripto Cultural, Robert Salgueiro, conhecido como Palhaço Picolé, compartilha detalhes emocionantes de sua infância no circo, a influência de sua família na escolha da carreira e os desafios enfrentados no início de sua trajetória. Ele revela momentos marcantes, projetos especiais e seus planos futuros, proporcionando um olhar íntimo e inspirador sobre a vida de um artista circense dedicado a levar alegria e inclusão a todos os públicos
Como foi sua infância e quando você descobriu sua paixão pelo circo?
Minha infância no circo foi uma experiência que eu lembro com muito carinho, pois conheci vários lugares e viajei para várias localidades. Tive a oportunidade de aprender muito, observando meu pai e minha família apresentando. Desde pequeno, aos três anos de idade, já comecei a entrar no picadeiro, fazendo palhaçadas e aprendendo ao lado do meu pai e dos meus irmãos. Foi através dessa vivência que descobri minha paixão pela arte circense, sendo integrante da quarta geração da minha família no circo.
Como sua família influenciou sua decisão de seguir carreira no circo?
Eu comecei a aprender várias modalidades circenses. Aos seis anos de idade, iniciei nas acrobacias aéreas como trapezista. Depois, aprendi malabarismo, monociclo e fui aprimorando a palhaçaria, que é o carro-chefe da nossa família. Essas experiências me fortaleceram e me deram o caminho para seguir na direção do circo. Lembro com muito carinho dessas memórias.
Quais eram seus artistas circenses favoritos quando criança?
Meu pai sempre foi minha inspiração, tanto na palhaçaria quanto na administração do circo, sempre com muita sinceridade e honestidade. Além dele, tive outras inspirações ao longo do tempo, como o palhaço Lou Jacobs do Ringling Brothers Circus, dos Estados Unidos, aqui no Brasil tenho como referência o Bozo. Sempre gostei de pegar as essências dessas inspirações para renovar meu repertório e aprimorar meu trabalho.
Pode nos contar sobre sua primeira apresentação no circo?
Um artista que me inspirou bastante foi o palhaço Bozo, que tinha um programa televisivo nos anos 80 e 90. Lembro que ele se apresentava no circo do meu pai e, um dia, me entregou uma maquiagem dele. Isso me inspirou e estimulou a aprimorar minha comunicação. Além disso, minha família sempre me apoiou a continuar levando a arte do circo, o que foi fundamental para minha decisão de seguir essa carreira, ainda criança.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da sua carreira?
Um dos maiores desafios foi buscar espaço e se comunicar de forma que as pessoas entendessem e vissem meu trabalho como algo profissional e responsável. Enfrentei desafios para encontrar lugares onde pudesse apresentar meu trabalho e mostrar que a arte da palhaçaria, apesar de cômica, engraçada e tal, tem momentos de seriedade e responsabilidade.
Há algum momento específico que você considera um ponto de virada na sua trajetória?
Tive dois pontos de partida na minha carreira. O primeiro foi aos três anos de idade, quando comecei a aprender com minha família. O segundo foi uma apresentação solo no teatro Pax da UEPG, onde precisei improvisar porque meu pai não pôde se apresentar. Esse momento foi decisivo, pois percebi que queria me apresentar para as pessoas e levar alegria a elas.
Como você e a Geovana se conheceram e começaram a trabalhar juntos?
Conheci a Geovana em um jantar no famoso Circo da Pizza, onde ela viu minha apresentação e se interessou. Depois, nos encontramos, começamos a namorar e casamos. Hoje, ela atua ao meu lado no picadeiro, sendo uma grande artista e produtora cultural, organizando e divulgando nosso trabalho.
Qual foi o primeiro número que vocês criaram em parceria?
Nosso primeiro número em parceria surgiu durante a pandemia. Estávamos criando ideias para retornar aos trabalhos e apresentamos juntos no “Circo na Praça”. Geovana fez uma apresentação de lira acrobática, suspensa a 5 metros de altura. Desde então, criamos outras apresentações e atuamos juntos.
Como é a dinâmica de trabalhar com sua esposa nos espetáculos?
Trabalhar com a Geovana é uma experiência muito legal. Convivemos 24 horas juntos, temos nossas empresas e filhos. Conseguimos administrar bem nossa vida pessoal e profissional, apesar dos momentos de estresse. Nos fortalecemos mutuamente e sabemos separar a vida social do trabalho no picadeiro.
Qual projeto você considera mais marcante em sua carreira até agora?
O projeto “Mundo Especial de Picolé” é o mais marcante na minha carreira. Levamos apresentações para entidades como APAEs e instituições que atendem pessoas com deficiência. Esse projeto é especial porque permite que essas pessoas se tornem protagonistas do espetáculo, participando ativamente das apresentações. Isso faz uma diferença enorme na vida delas, proporcionando autoestima e bem-estar.
Pode nos contar sobre um projeto ou apresentação que teve um impacto especial no público?
Outro projeto impactante é “Hoje Tem Circo na Praça? Tem Sim Senhor!”. Resgata a arte circense de forma completa e plural, sendo apresentado para todas as classes e buscando fortalecimento de vínculos e aproximação das pessoas. Este projeto alcança cada vez mais público e proporciona momentos inesquecíveis.
Quais são seus planos futuros em termos de novos projetos ou colaborações?
Estamos planejando um DVD comemorativo dos 10 anos do palhaço Picolé para 2024, com documentários, atrações musicais e momentos marcantes da trajetória. Buscamos apoio para realizar esse projeto e compartilhar nossa história com mais pessoas.
O que inspirou a criação do “Picolé Show” no YouTube?
A inspiração veio do programa do palhaço Bozo. Sempre tive o sonho de ter um programa televisivo de auditório. Em 2019, começamos a realizar o “Picolé Show” com recursos próprios, gravando em escolas e eventos. Em 2024, fomos contemplados pela Lei Paulo Gustavo e conseguimos realizar o programa com mais estrutura e equipe.
Como tem sido a recepção do público ao programa?
A recepção do público tem sido muito positiva. As pessoas querem participar da plateia e dos quadros, e tivemos a presença de crianças, adultos e até grupos da terceira idade no programa. A experiência foi muito legal e estimulou nossa vontade de continuar. Foram dez episódios neste projeto, esperamos buscar novos recursos para trazer uma nova temporada do programa.
Como você vê o futuro das artes circenses no Brasil?
O circo no Brasil está passando por uma grande transformação. Vemos uma renovação artística e estrutural, e os artistas brasileiros são destaque em várias modalidades. Graças aos incentivos e fomentos, temos uma expectativa muito boa para o futuro do circo no Brasil.
Que conselho você daria para jovens que desejam seguir uma carreira no circo?
Aconselho que busquem fontes responsáveis e sérias para aprender. O circo envolve várias questões físicas e psicológicas, então é importante procurar locais que ofereçam técnicas seguras para evitar machucados e frustrações. Também é essencial trabalhar com profissionalismo e seriedade.
Quais são seus sonhos e metas pessoais para o futuro, tanto na carreira quanto na vida pessoal?
Desejo continuar impactando a vida das pessoas através da arte circense, levando alegria e inclusão. Quero fortalecer nossos projetos e expandir nossas realizações, sempre ao lado da minha família, mantendo o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Você pode gostar:
Conheça a primeira romancista dos Campos Gerais, Emília Dantas Ribas
É preciso morrer para viver?
A fadinha e o skate feminino