Foto: Arquivo/ Larissa Hofbauer.

Nem tudo são cores, mas para Cássio Murilo elas representam um pouco da sua história

‘Red and Black’ é o novo álbum do artista lançado em outubro deste ano

Segundo álbum lançado pelo músico e jornalista, se apresenta de forma mais profissional que seu primeiro trabalho ‘Blue and Gold’. Segundo Cássio, a principal diferença entre os trabalhos está na produção envolvida. “Foi a primeira vez que tive cuidado e zelo com a qualidade das gravações, que tiveram a benção e o cuidado de Eric Santana, baterista da Hoovaranas e demais projetos. Ele captou, mixou e masterizou todo o Red and Black, além de compor e tocar as baterias. O resto, eu toquei. Quanto ao Blue and Gold, foi todo gravado no modo “do it yourself”: captei com gravador portátil e gravei todos os instrumentos”, relata.

Uma das grandes características de Cássio é a forma de composição, quem o conhece ou já ouviu ele cantar sabe que o inglês está sempre em suas músicas, se tornando natural produzir dessa forma. Cássio ainda comenta que é muito mais difícil compor em português do que no próprio inglês. “Por mais estranho que pareça, minha naturalidade é escrever em inglês. Me sinto mais confortável e fluo melhor. Porém, às vezes tenho lapsos em português, mas tenho muita dificuldade para escrever algo decente. A régua do português é mais alta e nos obriga a ter uma letra melhor elaborada. Gosto de fazer 5 de cada, para ficar equilibrado, por isso às vezes demoro. Faço mais músicas em inglês e demoro para compensar a quantidade no português”.

Em um futuro de novas produções, há muito que se esperar de Cássio Murilo. De acordo com o músico, os projetos futuros são ambiciosos, mas tudo depende das ideias que surgirem pelo caminho.

Suas influências de bandas vieram mais tarde. Entre internacionais e nacionais há uma variedade musical de inspirações. “Brasileiros, com certeza Legião Urbana e Los Hermanos. Para esse disco, Charme Chulo foi uma grande referência por também fazerem rock com instrumentos acústicos, no caso deles a viola caipira. Internacional, que pesa um pouco mais, está em toda a cena do folk rock californiano, como Byrds e Buffalo Springfield, as bandas do início dos anos 70 como Bread e Badfinger, acima de todos eles, os Beatles. Fora deste cenário, Smiths é bem presente também”, completa.

Já artistas da atualidade e ativos variam, como Vivendo do ócio, O Terno, Selvagens à Procura de Lei, Maglore, Turnover, um pouco do Arctic Monkeys pós Tranquility Base, entre outros.

Como artista independente, de acordo com Cássio o principal objetivo é atingir outras bolhas além da sua, para que assim o público não artista consiga perceber o valor daquilo que está sendo feito e produzido. 

O passado faz o presente

A música apareceu desde muito cedo na vida de Cássio, desde a sua infância. “Talvez uma das minhas primeiras memórias da existência de música foi ao som de “Rua Augusta” na versão do Eduardo Araújo no toca fitas do Fusca do meu pai. Mas o golpe certeiro foi quando ouvi “She Loves You” pela primeira vez. Tinha 7 anos”, relembra.

Mas 2006 o marcou. Cássio estava em uma audição de uma escola de música da sua cidade natal, Birigui. Foi a primeira vez, aos 14 anos, que o jovem se preocupou sobre a qualidade do seu canto, em comparação com os outros que também se apresentavam na audição.

Seus pais tiveram um papel muito importante em sua trajetória como incentivadores. De acordo com Cássio seu pai, como grande consumidor de música, era o mais interessado, já sua mãe o colocou para aprender a tocar violão. “Ela via como um “escape”, mas acho que saiu pela culatra o que ela queria (que deveria mais ser um karatê para a criança extravasar)”.

Mas não foi só Cássio que criou gosto pela música. Sua irmã mais nova e primo, também estão inseridos nesse segmento. Ela por hobby e o primo se tornou baixista. Para Cássio relembrar esses acontecimentos é de fato nostálgico. “Tocávamos muito juntos e isso não ocorre mais com a mesma frequência. Não creio que tenhamos sido “influência” um para o outro, mas era legal ver o progresso dos dois, que vi começarem a aprender quando eu já tocava. Gravávamos algumas bagunças no tape deck do meu pai. É um tempo que, sem dúvidas, foi fundamental para nossa formação, principalmente eu e meu primo”, conclui.

Um passado não tão distante: Banda Astrid.

Astrid surgiu em abril de 2014 no mais trágico dos cenários. Um amigo de Cássio e dos outros integrantes da banda, Kawe Kallai, faleceu em um acidente de carro no dia 1 de março daquele ano. “Eu e Cosati nos unimos para finalmente tocarmos juntos e de certa forma manter a memória dele sempre viva. Eu estava de saco cheio de bandas e não pretendia montar outra, mas a motivação era muito mais especial que qualquer outro sentimento que eu pudesse ter”.  

A banda está com projetos pausados por tempo indeterminado, tendo lançado nova música em 2021. Desde então não compuseram mais juntos. “Allan vendeu a bateria e o Cosati foi para a Polônia, portanto a banda está parada na prática, mas brinco que ela sempre existirá enquanto os três forem vivos”.

Eleito por Cássio como seu videoclipe favorito da Banda Astrid, “Triste Fim de Brian Duffy” é seu preferido por ser uma grande colagem de muitos momentos legais que a banda passou, desde a primeira apresentação, além de ser uma das suas músicas favoritas do repertório.  “O vídeo dela me alegra toda vez que vejo. Na época, era motivo de orgulho. Hoje, uma deliciosa saudade que, felizmente, foi muito bem documentada”, finaliza.

As músicas de Cássio Murilo você encontra no link da bio do seu Instagram.