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O vilanizado romance na construção estética feminina

Coluna A moda e o mundo: Um olhar sobre influências cruzadas de Esthefani Carvalho

Romance, uma simples palavra originada do romantismo que é um movimento artístico que trouxe a prevalência de uma estética sentimental acima da razão. Esse termo já foi tido como galante entre os homens, porém cada vez mais avilanado durante os anos perante sua maioria. Hoje, sabemos que apesar de em meio a mudanças catastróficas que existem da visão da mulher na sociedade, o termo se transformou no algoz de muitas como esta que vos fala. Vivemos em uma sociedade predominantemente machista, onde para que uma mulher possa vir a se destacar, mostrar sua força e seriedade, precisa estar seguindo uma certa linha de vestimenta para que assim seja lida com mais “seriedade”. O que nos remete claramente a um contexto da história da moda. Primeiro podemos relembrar o crescimento de Gabrielle Bonheur, conhecida popularmente como Coco Chanel, hoje um icone da moda, que vivia em um mundo onde espartilhos, volume, cabelos desenvoltos e decotes faziam a forma da estética feminina. Mulheres estas que vivam em um nicho que conviviam apenas com suas “iguais”, as conversas, atitudes, eram todas tidas dentro de uma regra de sociedade e como a mulher deveria ser e agir. Suas opiniões não eram consideradas além do tom ou estampa que seria usado em um vestido. Claro que isso perdurou por ainda muito tempo, porém Chanel trouxe com sua voz que tentava se destacar no círculo social masculino, que mulheres poderiam imprimir o que queriam em suas vestes. Adotou os cortes retos e a estética de alfaiataria para o feminino, que para uma parte da sociedade ainda era tido como um masculinizar a delicadeza de uma “donzela”. Mas o que mudou durante os anos? Sabemos que hoje podemos usar a moda a nosso favor de infinitas formas, inclusive ela auxilia em como você é lido pela sociedade, e é exatamente isso que nos faz indagar do porque a mulher só é vista como bem sucedida e séria quando se veste com peças ditas mais visualmente como masculinas. Claro, moda é para todos e não estamos aqui para tentar ditar que mulher veste rosa e homem azul, porém podemos olhar algo recente como a capa da Forbes que retrata três mulheres bem sucedidas de faixas etárias diferentes e um homem ao lado, e reavaliar como enxergamos como um todo. As mulheres vestidas de cores sóbrias e peças de corte reto, terninhos, além de uma maquiagem neutra, estão dispostas ao lado de um homem com várias tatuagens e uma blusa branca mais “informal”, com o intuito de falar da lista dos nomes mais influentes nas redes sociais atualmente. Agora, imagine uma mulher com roupas mais coloridas, pele à mostra e uma maquiagem mais intensa, ou mesmo que trouxesse uma estética romântica com tons rosa e delicados que reforçasse a visão de feminilidade. Provavelmente a sociedade não enxergaria de imediato a capa como a força de sucesso que tais seriam, o que torna tudo grandiosamente irônico pois vivemos em um mundo onde tivemos de Frida a Marylin, cada qual com a sua forma de impressão na sociedade e deixando sua voz ecoando por tempos e eras. Frida com suas peças diferentes que hoje ilustram exposições que trazem sua arte e história, sendo um grande nome em mil vertentes do criativo não só hoje como tendo inspirado até mesmo Schiapparelli, enquanto Marilyn quebrou conceitos, tabus, trazendo a sensualidade em pauta as telas e capas de revista. 

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Esthefani Carvalho, tem 35 anos, é técnica em publicidade, graduada em design de moda e está cursando pós em marketing de mídias sociais. Apaixonada por escrita e criação, sempre esteve envolvida com esse  meio, seja lendo ou produzindo conteúdo redigido ou visual. Ama se envolver em tudo o que agregue e traga espontaneidade a sua vida e seu currículo, estando ambientada em alguns projetos independentes junto a amigas ou parceiras de trabalho.