A simbologia da “mulher frágil”, conceito criado por alguém, não importa quem, é uma frase equívoca e mal utilizada para a definição feminina. Todos os dias as mulheres sofrem assédio, discriminação no trabalho, lidam com o cuidar da família em meio à sua carga horária pesada, que não se diferencia quando ganham menos. Algumas tão bem sucedidas, se culpam por terem menos tempo para se dedicar a família ou uma linha histórica que ainda carregamos como sendo o certo para que sejamos reconhecidas perante a sociedade. E assim começamos a falar sobre as mulheres que mudaram o conceito de fragilidade dado a elas.
Mulheres lutam por seu lugar na sociedade desde os primórdios. Autoras, poetisas, cantoras, atrizes, destaques em prol da liberdade. Poderia citar nomes que marcaram história, como Harriet que lutou contra a escravidão, ajudando centenas de escravos a fugirem de uma prisão, palavra não reconhecida por tantos com esse status na época ou mesmo Valentina Tereshkova sendo a primeira mulher a viajar até a lua.
Porém, na moda, quais mulheres ajudaram a face da representatividade feminina a se fazer valer ainda mais forte? Podemos dizer que algumas das conquistas femininas marcantes, se fizeram no mundo da moda, como a possibilidade de usarmos calças.
Iniciante nesse aspecto, temos Coco Chanel, buscando seu lugar no mundo e sem aceitar ser limitada pela sociedade na época. A mulher modificou a silhueta há tanto conhecida por roupas de corte até então identificados como masculinos. Introduziu terninhos, desenhos mais retos nas peças e cores mais neutras. Outro ponto alto e marcante de seu legado foi, claro, o corte de cabelo que levou seu nome e carrega essa bagagem até hoje.
Já Mary Quant resolveu inovar de outra forma. Cansada dos aspectos da moda a altura de seu século, eis que ela surge com a criação das mini saias, peças de 30 centímetros usadas com botas plataforma e blusas mais secas, trazendo um ar totalmente sexy ao guarda roupa feminino, exaltando as pernas e a silhueta marcante da mulher. Porém, não foi tão bem vista e sofreu muita opressão por suas escolhas na moda. Apesar de lançar também mais um ícone fashion, os hot pants. Em 1966, a rainha Elizabeth II condecorou Quant com a Ordem do Império Britânico, o que reforçou sua importância e marco na história.
Seguindo essa trajetória, chegamos à Elsa Schiaparelli, que nos apresentou a moda em arte, unificando suas peças a artistas plásticos e mostrando que as duas andam juntas, trazendo o surrealismo e cubismo como referência em suas criações. Sua marca reconhecida até hoje é o famoso nome dado ao tom de rosa, mais conhecido como rosa choque.
Poderíamos ficar horas falando sobre como as mulheres que fizeram história influenciam para o conceito de moda que criamos e conhecemos hoje, desde Harriet a Naomi Campbell, desde a luta pela vida e liberdade, até o reconhecimento de ser a primeira mulher preta a protagonizar uma das capas da revista vogue. Todas, de seu jeito único e sincero, lutando pelo que acreditavam, conquistaram seu espaço dando voz a muitas outras. Somos muitas Elsas, Cocos, Maryllins, Audreys, Fridas, a voz da mulher lutando anos e anos, séculos, para se fazer ouvida.
Esthefani Carvalho, tem 35 anos, é técnica em publicidade, graduada em design de moda e está cursando pós em marketing de mídias sociais. Apaixonada por escrita e criação, sempre esteve envolvida com esse meio, seja lendo ou produzindo conteúdo redigido ou visual. Ama se envolver em tudo o que agregue e traga espontaneidade a sua vida e seu currículo, estando ambientada em alguns projetos independentes junto a amigas ou parceiras de trabalho.
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