Foto: Divulgação/ Arquivo da Escola de Samba Baixada Princesina.

Quanto custa o Carnaval?

Este é o primeiro texto de uma série de cinco publicações sobre o Carnaval de Ponta Grossa.

No mês de março de 2024, as Escolas de Samba e Blocos de Carnaval já começam os preparativos para o desfile do próximo ano. E há quem diga que o Carnaval é só festa e não dá trabalho nenhum. 

Aos poucos, os carnavalescos vão comprando o material. Quanto antes comprarem, mais barato sai. Também é necessário costurar, moldar e construir. O Carnaval em Ponta Grossa é feito por várias mãos, quase sempre de uma forma artesanal e criativa. 

 Perguntei ao Presidente da Liga Cultural das Organizações Carnavalescas de Ponta Grossa, Antonio Gomes, quanto custa para que uma Escola de Samba desfile hoje em Ponta Grossa e ele me respondeu que custa em média de 100 mil a 150 mil reais. O item mais caro? Com certeza os carros alegóricos que a fabricação custa em média entre 6 a 7 mil reais. 

Neste ano de 2025, teremos o desfile de quatro escolas de samba. Três delas já desfilaram em anos anteriores.  



Quanto custa o Carnaval? 

As quatro escolas participaram do edital de Chamamento Público Nº 01/2025 – Prêmio Trajetória Cultural de Escolas de Samba de Ponta Grossa.  O edital, lançado em 20 de janeiro de 2025, previu quatro prêmios de R$ 37.500,00 (trinta e sete mil e quinhentos reais), totalizando R$150.000,00 (Cento e cinquenta mil reais). O Edital foi criado através de uma consulta pública realizada na Secretaria de Cultura no dia 13 de dezembro de 2024.  

O valor de premiação para as Escolas de Samba foi bem maior do que o destinado no ano passado. Em 2024, só as escolas de Samba receberam R$ 63.900,00 (sessenta e três mil e novecentos reais) divididos em premiações de primeiro a terceiro lugar. Neste ano, R$ 90.000,00 (noventa mil reais) foram retirados do Fundo Municipal de Cultura e R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) foram destinados através de emenda impositiva de vereadores da cidade. 

Os vereadores Mazer, Ede Pimentel, Joce Canto e Stocco direcionaram a verba para a emenda impositiva que é sempre destinada única e exclusivamente àquele fim, não podendo o valor ser repassado a outra destinação. Antonio Gomes, o presidente da Liga conta que as conversas para que fosse possível realizar o Carnaval de 2025, começaram em setembro de 2024. 

O valor repassado para as Escolas de Samba é utilizado integralmente no desfile, além de promover empregos de temporada nas vilas das escolas como de costureiras e figurinistas. “As escolas compram fiado e aí depois, com a verba dos editais e dos patrocínios, vão pagando”. O Presidente e Fundador da Liga conta que é papel da Liga abrir crédito na praça para as Escolas. 

Para ele, a verba deste ano é razoável, mas longe do ideal. “O problema é que a verba vem muito em cima da hora. As escolas precisam começar a comprar o material em setembro e outubro, que é quando ele está mais barato. Quanto mais perto da data do Carnaval, mais caro fica “, observa. 

O Presidente destaca que todas as escolas da cidade têm muita qualidade técnica, mas nem sempre a verba necessária para impulsionar o Carnaval da cidade a nível estadual. O Carnaval em si, gera mais retorno do que gasto, segundo ele. “As Escolas compram na cidade, o comércio nos dias de festa vende bastante, os instrumentos são comprados aqui, as pessoas vão de ônibus ou de carro, gastando combustível, o retorno econômico é muito grande”. 

Neste ano, a Liga Cultural das Organizações Carnavalescas de Ponta Grossa está esperando que, no mínimo, 30 mil pessoas acompanhem os desfiles e os blocos de Carnaval. O que significa que 10% da população da cidade estarão nas ruas. 

O Carnaval da Baixada Princesina

Porta Bandeira da escola Baixada Princesina. Foto: Divulgação/Arquivo.

A Escola de Samba Baixada Princesina foi contemplada com o Prêmio Trajetória Cultural de Escolas de Samba de Ponta Grossa. Desde o começo do ano passado, a Escola está se preparando e comprando materiais para desfilar. Ao todo, mais de 70 pessoas desfilaram pela escola na avenida Vicente Machado, em Ponta Grossa, como conta a Vice-Presidente Amanda Karoline Silva. 

A história da Escola vem desde a sua fundação em 12 de outubro de 1982 pelo seu primeiro presidente, Luizão, que sempre gostou muito de samba. A escola ganhou o seu primeiro título em 1985 e se manteve funcionando através do empenho do Luizão e das arrecadações feitas no clube 13 de Maio. 

Infelizmente, Luizão veio a falecer em 26 de janeiro de 2023. Foi aí então que seu filho, Luiz Felipe Ferreira Araújo, continuou o legado do pai. Hoje, ele é Presidente e casado com a Vice-Presidente Amanda que contou que antes de conhecer o marido nem gostava muito de carnaval. “Hoje eu amo carnaval e não é pouco”. Ela começou a ajudar na Baixada Princesina em 2019. Enquanto o Luizão corria atrás da verba para o desfile, Amanda confeccionava as fantasias. 

Ela conta que faz de tudo um pouco na escola. “Monto fantasias, costuro, toco bateria, monto porta bandeira e porta alas e se precisar, em último caso, puxo até o samba enredo” fala descontraída. 

Honrando o legado de Luizão, Amanda reforça que, mesmo sem dinheiro, a escola desfila. “Eu digo pra você que eu não me arrependo nem um pouco de cada coisa que faço pela Escola. Amo o que faço e sempre iremos honrar a história da Baixada Princesina”.