Como essa é a primeira, de uma série de dez crônicas sobre o Sexta às Seis, me contento em começar. Não exatamente do começo, mas sim do ponto mais próximo que tenho hoje. Assim, uma coisa levará a outra. E como ela é jornalística, também tenho um compromisso com a realidade e com o tempo. Por isso, vou começar pela última apresentação do Sexta às Seis antes desse material ser publicado.
No primeiro dia do mês de setembro de 2023, aconteceu mais um Sexta às Seis. MUM e Gueg Ponta Rap subiram no palco e tocaram suas músicas. Tal qual com o seu estilo próprio. A MUM, abreviação de Mais Uma Mulher (acho lindo esse nome), com toda a presença de palco que a gente conhece e o Gueg Ponta Rap representando o… Rap (óbvio).
Entrevistei a MUM no dia 18 de agosto de 2021 para o meu Trabalho de Conclusão de Curso. Na época ela falou um pouco sobre um caso ocorrido em 2019. Na verdade, sobre um ataque que sofreu.
Um portal da cidade publicou uma notícia sobre o show, do Sexta às Seis mesmo, e aí os ataques vieram aos montes pelos comentários. Quem não conhece a MUM e nem a sua estética pode permanecer chocado. A arte dela é justamente para isso, chocar, como a própria me disse em 2021. Na época, também me disse que estava tomando o caminho certo. É bom saber que aquele episódio só deixou mais resistência e força ao trabalho dela.
Já o Gueg, conversei nesta terça-feira com cara de chuva. Antes é claro, verifiquei a previsão do tempo para saber se o show continuava de pé. São trinta anos de carreira, e algumas apresentações no Sexta às Seis antes de 2018. Para ele, o contato com o público é a base de tudo. Super envolvido com o Rap da cidade, a gente sempre vê ele como um cara “das antigas”. Afinal, são trinta anos de experiência e caminho trilhado.
Pra mim, que acompanho o Sexta desde 2016, é um tanto quanto repetitivo descrever o público. Afinal de contas, na verdade, sempre vão as pessoas de sempre. Mas em shows assim, com ritmos musicais diferentes, o público é um pouco diferente.
A MUM, por exemplo, é enigmática. Toda trabalhada na poética, no canto lírico, na técnica, na metáfora, ela chega para fazer o seu show. Percebemos de longe que aquele é, na verdade, o seu show. Aquela hora que ela passa no palco, percebemos que na verdade, estamos com ela em um quarto escuro, em uma apresentação particular. Dessa forma, é um público muito específico.
Da mesma forma o show do Gueg. Na sexta-feira, ele tocou vinte músicas autorais para o pessoal do Ambiental ver. Quando conversei com ele, ele me lembrou algo muito importante, que é também um reflexo do seu trabalho. “O Sexta às Seis tem uma base de outros gêneros musicais prestigiando os artistas locais”. Isso é um fato. O público do Sexta tende a ser um pouco… roqueiro demais. O Gueg, sempre vai nos shows, presenciar os artistas e respeitar a galera do palco, como ele mesmo me disse. “Isso é o mínimo pra se obter o respeito da galera”.
Gueg Ponta Rap preparou uma homenagem para a cidade nesse show. Os duzentos anos de Ponta Grossa vão ser lembrados graças a esse ato. A democratização de estilos do Sexta às Seis é algo com que lutamos (alguns de nós pelo menos) já faz algum tempo. Gueg ressaltou na conversa que é super importante. “Eu vi vários estilos diferentes no palco e agora chegou a nossa hora”. E a hora deles foi bem bonita, não vou mentir.
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