Nessa semana tem o show da MGC – Magesty Ghost Cult e Maiden Rules como vocês já estão cansados de saber (esse site está divulgando este show em específico pela terceira vez e talvez chegue a falar sobre o assunto uma quarta vez, nunca se sabe).
Agora sobre o título do texto, bom, entre parênteses tem as palavras “de fora da cidade”. Todas as bandas da cidade são famosinhas pela região. Elas têm seu público fiel e, de uma forma ou de outra, sobrevivem. Algumas não, mas essa não é a pauta de hoje.
Gostaria de relembrar algumas bandas de fora super-famosinhas, que foram convidadas a se apresentarem no Sexta às Seis e abordar um assunto delicado… o cachê que elas recebem.
A última das bandas, foi o Ira. Eu estava no show do Ira, olha só. Foi o primeiro Sexta do ano. O pessoal estava tipo “uaaau bandas, shows de rock e não sei o que lá”. O complexo Ambiental estava “cuspindo gente pelos lados” e havia até um trailer vendendo chopp de vinho (e o normal também caso você goste). O negócio é que o show não foi tão bom assim. Mas não por problema da banda, e nem pela plateia. A sonoplastia do show estava tenebrosa. Era difícil ouvir a banda. E ai a galera, e sim, era uma galera monstruosa, ficou muito triste.
Mas antes mesmo do Ira se apresentar e ocorrer os problemas técnicos sonoros, o pessoal estava comentando nas redes, como todo ano, que o cachê das bandas convidadas poderia ser dividido entre os músicos locais e não haver uma banda convidada. Dessa forma, os músicos locais, os que fazem o projeto vivo, ganham um cachê mais justo. Minha opinião como ser humano, é que sim, isso seria incrível. Minha opinião como produtora cultural, é que as bandas convidadas auxiliam a manter o Sexta às Seis tão vivo quanto as bandas locais. “Ué, como assim você está defendendo esse absurdo?!”.
Não estou colocando juízo de ação na forma como o projeto é realizado, não cabe a mim isso. Mas, tanto do ponto de vista dos músicos locais, quanto da organização do evento, eu entendo.
Quando organizamos um evento com verba pública é necessário garantir público. Por exemplo, para a montagem desse site, eu precisei comprovar de alguma forma que eu de fato alcançaria um público. E o Sexta, embora seja da própria Secretaria de Cultura, precisa se provar útil para a própria Prefeitura, ou ele não recebe mais a verba que tem. As bandas convidadas auxiliam na divulgação do próprio projeto. Elas atraem pessoas novas, que normalmente não se interessam por uma banda de rock ascendente, show de bola que toca nos fundos de Oficinas, mas elas gostam de uma banda de rock consagrada dos anos 80. Essas pessoas, podem ir até o show, sem nem saber da existência do Sexta e gostar do projeto e continuar acompanhando.
E do ponto de vista da comunicação, área que eu sou formada, trazer uma banda convidada de fora, já consagrada, atrai agendamento gratuito que para o jornalismo é o equivalente a gastar milhões de reais com publicidade que talvez não funcione.
Por outro lado, eu entendo os músicos que recebem um cachê muito limitado para os padrões de um evento municipal. E eu sei que a situação de músico nesta cidade não é fácil. O caso é que, eu entrevistei várias pessoas para compor meu livro-reportagem sobre o projeto, e o que foi me dito é que o Sexta, mesmo que pague pouco, tendo em vista o público que ele gera, tem um espaço especial no coração da cidade e ele nunca será desocupado pelos músicos. Na verdade, o que acontece é que a cada ano, as inscrições das bandas só aumentam.
Não tenho alternativas para esse dilema. Na verdade, meu objetivo com isso não era solucionar nada. Só queria relembrar algumas bandas famosinhas que já passaram pelos palcos do Sexta. Inclusive, em alguns anos, foram convidadas até três bandas.
No ano que o Sexta retornou da pandemia, em 2022, se apresentou a banda Destroyer Kiss. Uma banda autodeclarada “banda performática do Kiss desde 1984”. Nem preciso falar do pulo de três metros que o público deu ao ver que a banda era cover do Kiss. Eu não fui nesse show e não posso opinar. Mas se você fizer uma busca no X-twitter, você vai ver os comentários.
Em 2019, se apresentou a Nômade Orquestra. Formada no ABC Paulista, a banda é famosinha no cenário eixo São Paulo-Rio de Janeiro. Ela tem influências do funk anos 1970, jazz, dub, rock, afrobeat, ethio grooves e faz shows por todo Brasil honrando o nômade no seu nome. Eu conversei com eles, para o meu TCC e perguntei como tinha sido o show aqui na cidade. Na época, o baixista me disse que eles foram muito bem recebidos embora fosse um som totalmente instrumental. Inclusive, o público dançou, na ocasião. Além deles, outras duas bandas famosinhas foram convidadas, sendo a Dazaranha e Stolen Byrds.
Durante meu TCC todo, eu ouvi pessoas relembrando o show da Blindagem, que aconteceu em 2018. Foi um marco temporal. Parece que o Sexta existia antes e existiu depois do Blindagem. Naquele ano também foram convidadas as bandas Patrulha do Espaço, Dejavù e Confraria da Costa.
O músico convidado de 2017 foi Wander Wildner. Não conhecia nada sobre ele, mas em uma rápida busca pelo google, podemos ver que ele é do punk rock. Deve ter sido um show muito massa. Se alguém acompanhou, me conta aí se foi legal.
Outra banda que eu sempre ouvi falarem sobre e que foi convidada foi a Casa das Máquinas que tocou em 2016. Eu devo ter visto esse show, embora não tenha nenhuma lembrança sobre ele.
Eu só tenho dados até este momento, pois foi o que eu coletei para o meu TCC. Em busca de documentos sobre o projeto, topei com outros nomes que já se apresentaram e que eram bem famosinhos como a F banda Kult de rock polonês em 1989 o primeiro ano do projeto. Se você não acredita na minha palavra, você pode ir lá na Casa Memória Paraná e pedir o livrão do Jornal da Manhã de 1989 e folhear as páginas até achar esta foto.
Pra hoje, o que eu tinha pra falar, era só isso. Não prometo nada, mas talvez eu vá no Sexta dessa semana. A gente se encontra lá.
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