Este ano a programação junta desfile, premiações e matinês. Foi disponibilizada pelo município, através de uma emenda impositiva destinada pelos vereadores, a verba de R$90 mil reais para as premiações do carnaval. A festa acontece na região central de Ponta Grossa, na Avenida Vicente Machado e vai em direção ao Parque Ambiental, onde estará localizado o ‘Palco do Samba’ em que acontecem as premiações do evento, como Rainha e Rei Momo, Fantasias, Blocos e Escolas de samba.
Durante a pandemia de Covid-19 as festividades haviam sido suspensas voltando apenas em 2023 e de acordo com o artista e carnavalesco Celso Parubocz, o carnaval da cidade não recebe o apoio e o prestígio que merece. “Não, principalmente o Carnaval de Rua, uma das mais antigas tradições populares da nossa Cidade. A História é linda e tão pouco explorada e divulgada. Quem criou os primeiros blocos de Carnaval de nossa Cidade no começo do século passado foram os descendentes de Maurice Caillot, músico e luthier, este fez parte da comitiva do Médico Francês Jean Michael Faivre, médico da esposa do Imperador que veio para nossa região para criar uma Colônia onde se formou a primeira cooperativa do Brasil, um de seus filhos casou com Floripa uma negra cuja Família trazia a tradição do batuque, capoeira, esta mistura só podia dar samba, seus filhos foram responsáveis pela criação dos primeiros Blocos de Carnaval que depois viraram Escolas de Samba” relembra.
Ele ainda completa que o carnaval precisa receber um apoio mais significativo tanto da prefeitura quanto das empresas. “Sim, tanto da prefeitura como dos empresários que ainda não entenderam que carnaval de rua bem feito traz turista e aumenta a arrecadação da cidade” observa Celso.
Já na visão de Anderson José Pedroso, estilista e Rei Momo da cidade, se o carnaval de Ponta Grossa recebesse mais atenção, o resultado seria benéfico para o município. “Ponta Grossa já teve o auge do seu Carnaval, e poderia ser muito melhor explorado trazendo turistas e por consequência gerando empregos e trazendo dinheiro para a cidade”, complementa.
Anderson, que é natural de Ponta Grossa conta que desde a década de 90 participa da festividade e sua família foi uma das responsáveis por iniciar o desfile de Escolas de Samba no município em 1954. Ele ainda comenta que o carnaval não é só uma simples festividade nacional. “Fui coroado rei momo a primeira vez dia 16 de fevereiro de 1992. Para mim o Carnaval vai além de muita coisa. É uma festa que une o povo, que não tem diferença entre pobres e ricos, onde todos têm um único direito e dever, se divertir e estar 100% alegre” destaca.
O estilista ainda comenta que o carnaval não é bagunça como muitos pensam. “O Carnaval de Ponta Grossa já foi grandioso, precisamos reconquistar o respeito e carinho pela cultura tradicional do Carnaval, temos que cada vez mais mostrar através da imprensa que o Carnaval é cultura que tem o apoio dos órgãos de cultura e que não é só bagunça”, finaliza.
No dia 9 de fevereiro inicia a programação do carnaval de 2024 em Ponta Grossa com o concurso de Rainha de Bateria, Rei Momo e concurso de fantasias, no Parque Ambiental às 19h até as 22h. No dia 10 tem o bloco dos Polacos das 14h às 18, na Praça Barão de Guaraúna. Às 20h inicia o desfile das escolas de Samba, na Avenida Vicente Machado e a festa se estende até as 22h no Parque Ambiental. No domingo às 15h da tarde acontecerá uma matinê infantil no Parque Ambiental; das 14h às 18h na Feira do Produtor acontece o Bloco do Zé Pilintra. Também no domingo às 19h acontecerá o desfile e concurso de blocos na Avenida Vicente Machado, finalizando a festa até as 22h no Parque Ambiental. Já na segunda-feira as festividades começam para a melhor idade, às 15h no Parque Ambiental. Ainda na segunda acontece o Bloco Arco Íris das 14h às 18h na Feira do Produtor; desfile das campeãs às 19h na Vicente Machado e festa no ambiental até as 22h. No último dia de carnaval acontece o Bloco da XV, na rua XV de novembro e finalizando com a Festa no Ambiental, com início às 19h.
Arte, amor e samba
Celso Parubocz participa do carnaval a mais de 50 anos de forma ativa, chegando a participar de bailes municipais e ganhar prêmios como 1º Lugar Luxo, 4º lugar luxo, 2º, 3º e 4º Originalidade. Mas além de participar, Celso confecciona fantasias para a data.
Ele ainda relata que um dos maiores desafios do trabalho é conseguir comprar os materiais. “Eu me considero um privilegiado, pois tenho um espaço amplo no CREArte onde posso trabalhar confortavelmente. O maior desafio é conseguir patrocínio para comprar materiais e depois ter locais para expor estas fantasias”, completa.
Além de fazer as fantasias, Celso também cria o conceito de cada vestimenta, isso se molda com base na história que será contada. Seu modo de produção começa com uma pesquisa sobre os personagens criados, para daí então progredir para tema e história que será contada. Suas inspirações vão de folclore, mitologia à ‘criação aleatória’, como comenta Celso. “Alguns são personagens da mitologia, outras figuras folclóricas e na maioria vou criando aleatoriamente e depois batizo com o que ficar mais parecido”.
Mas nem só de luxo e glamour que vive o carnaval, também há aquela pitada de consciência. Os materiais utilizados pelo carnavalesco são reutilizados quase sempre, como o reaproveitamento de fantasias, dos tecidos, das bijuterias, e tudo que possa ser reutilizado para compor o personagem.
A união do passado e presente
O carnaval não é uma festividade brasileira na sua origem, muitos pesquisadores atribuem seu surgimento às festas pagãs do Egito, Grécia e Roma, mas nenhum outro lugar comemora o carnaval como os brasileiros, cada um do seu jeito exalando alegria. No Brasil, a festividade foi introduzida no país por meio dos portugueses, por volta do século XVII, e era conhecido como entrututo. Mas só em meados do século XIX o carnaval começou a se tornar o carnaval que conhecemos hoje em dia. Os mais famosos do país são os carnavais do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e claro o de Olinda com os famosos bonecos de Olinda.
Para Celso o carnaval é e sempre foi a alegria do povo. “A festa mais democrática que existe no Brasil, pois todos se divertem sem a preocupação de cor, raça, sexo, classe social, enfim todos desfilam juntos e misturados”. Para ele é primordial contratar artistas experientes que conhecem a história do carnaval do município, para trazer a experiência para a atualidade.
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