Quem aí foi em um Sexta às Seis realizado na Praça Barão do Rio Branco? Preciso confessar que eu não fui ainda. Dizem que é uma “vibe indescritivel”. No dia 08 de setembro de 2023, o show foi por lá.
O motivo da mudança não se trata de uma nostalgia (embora os ponta-grossenses sejam extremamentes nostálgicos, como eu já pude perceber). No Complexo Ambiental, onde costumam acontecer as apresentações do Sexta, está acontecendo o X Congresso de Educação e Feira do Livro. Até que, se espremendo, coubessem os dois eventos, mas a mudança de ares para o Sexta foi agradável.
Bem no início, os shows do Sexta eram montados na Concha Acústica Carlos Gomes localizada na praça Barão do Rio Branco entre os anos de 1989 e 1995. Depois, foram interrompidos e retornaram ao mesmo local em 2005.
Acreditem ou não, mas a primeira banda a se apresentar no palco do Sexta às Seis foi a Banda-Escola Lyra dos Campos na Concha Acústica da Praça Barão em 1989. Na época, a Concha Acústica era o espaço de diversos shows e peças de teatro e também dos ensaios da Banda-Escola.
Quando eu estava produzindo meu Trabalho de Conclusão de Curso, sobre o Sexta às Seis, fiz uma visita a Casa da Memória da cidade e encontrei as fotos daquela época. A praça em si era muito diferente. O Terminal Central da cidade estava instalado lá. Haviam bem mais árvores e o público ainda estava usando roupas dos anos 70-80. O Sexta não era totalmente do rock naquela época e ao longo da minha pesquisa, fui encontrando pessoas bem surpresas pelo caminho, principalmente as mais novas.
Uma vez perguntei a alguém: “Você sabia que nos anos 90, o Sexta tocava samba?”. A pessoa ficou muito surpresa e me disse que isso parecia ser muito legal. Agora, no meu ponto de vista, o que era mais legal é que alguém pensou que talvez aquela galera lá, às seis da noite, voltando pra casa cansada, fosse curtir um som bem bacana. O projeto surgiu com esse objetivo mesmo, distrair o povo enquanto o ônibus não vinha.
Mas, agora falando um pouco sobre a apresentação no dia 08. Quem tocou foi os Astronautas do Passado e o Alisson Camargo. Como eu não fui ao show, perguntei a um amigo meu como tinha sido. Ele está indo em todos os shows nesse ano e sempre reencontra os amigos lá. Ninguém combina nada, só vão até o show com a certeza absoluta de que encontrarão um conhecido ou farão novos amigos por osmose. Afinal de contas, o Sexta é quase um estilo de vida.
Ele disse que foi até lá achando que as bandas não iam entregar nada e no final entregaram tudo! E que eu havia perdido um evento canônico pois tocaram Hurt de Johnny Cash. Eu confesso que queria muito ter visto isso.
Eu conheço as duas bandas de outros carnavais e eu sabia que seria um bom show. As duas estão no mercado há vários anos e são muito boas. Alisson Camargo estava na sua quarta apresentação no solo do Sexta. As outras três se apresentou com a banda Camargo e os Bacanas. Entrevistei ele para o meu TCC em 2021 e ele me falou que Ponta Grossa tá bem servida de músicos. “De 2018 pra cá eu percebi uma mudança, um desejo de uma galera, de uma rapaziada mais nova de produzir trabalhos autorais”. O Sexta às Seis é um desses lugares que anseia ardentemente por produções autorais, tanto que pede na hora da inscrição um vídeo da banda tocando uma autoral.
Já a Astronautas do Passado eu vi tocar uma vez. Formada em 2018, eles tocam clássicos do pop rock. Em conversa, no dia de hoje, me falaram que foi incrível o show. Era uma multidão assistindo, embora não seja muito difícil lotar a praça do Rio Branco.
Pelas fotos que eles postaram em seu perfil do Instagram, dá pra ver uma galera mesmo.
A setlist que eles levaram para o show foi composta de covers e autorais da banda. A finalização do show de uma hora se encerrou com Simple Man do Lynyrd Skynyrd. Já pensou? Ouvir um Simple Man, com uma plateia em coro, em plena Praça Barão do Rio Branco? Só no Sexta essas coisas são possíveis.
Gostou da Crônica? Você pode ler a primeira da série aqui neste link.
Proposta selecionada pelo edital 011/23 do Fundo Municipal de Cultura.
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