Em uma conversa despretensiosa, no Palco Ocupa, na Bienal dos Quadrinhos de Curitiba, que aconteceu no mês de setembro, Daniel Saks, é engenheiro químico desde 99, editor independente de quadrinhos de horror desde 2015 e Kiko Garcia, editor e quadrinista da Kikomics, apresentaram a História dos Quadrinhos de Horror.
Inseridos no mercado, os dois participantes do evento, relembraram o início dos Quadrinhos de Horror e destacaram as diferenças dos quadrinhos brasileiros para os norte-americanos, conversaram sobre suas influências pessoais e profissionais e abordaram outros aspectos do mercado. Segundo Daniel Saks, nos anos 1990 e 2000, havia uma forte influência notória do cinema nos quadrinhos que abordavam principalmente o terror psicológico. Para Kiko Garcia, a influência do cinema nos quadrinhos é visível. Em seu processo criativo, ele primeiro concebe a imagem, se preocupando com o que será criado visualmente para só depois se atentar ao roteiro. “Sempre penso em imagens. Penso nelas primeiro e aí desenvolvo o enredo depois. Eu tenho a mão pesada, um traço cartunesco mesmo, acarcando o pincel na folha. Sempre me dizem isso, eu levo como um elogio.” comenta.
A conversa não parou por aí. Ao falar sobre suas próprias influências, os quadrinistas também destacaram a importância da leitura de diferentes obras. Daniel Saks recomendou ler todos os tipos de quadrinhos, desde humor para produzir de fato quadrinhos de horror até quadrinhos internacionais. Sendo autodidata, com a formação em engenharia, Daniel destacou que essa forma de leitura o auxiliou a criar uma gama de influências que o auxiliou em seu trabalho. Kiko destacou que o horror é bem democrático e que há espaço para todas suas formas, inclusive o horror escrachado. Ele citou um exemplo de produção de um quadrinho próprio em que desenhou uma página toda com a mão esquerda, para ficar tremido. “Fiquei me perguntando quem é que ia entender o que eu estava querendo passar. Algumas pessoas entenderam, outras nem repararam.” relembra.
Trabalhar com quadrinhos no Brasil
Em determinado momento, Daniel Saks relembrou que nos anos 1990 a 2000, as empresas norte-americanas não creditavam seus quadrinistas, embora estivessem em seu auge de produção. “Embora fosse um mercado forte e sistemático, os artistas não recebiam os devidos créditos, ao contrário do que acontece no Brasil onde sempre houve esses créditos. Apesar de terem seus nomes vinculados aos seus trabalhos, Kiko Garcia destaca que ainda é muito difícil trabalhar apenas com quadrinhos no Brasil. “Essa coisa de ser sempre um guerreiro, se virar em qualquer meio, é bacana por um lado, mas mesmo assim é muito difícil. Temos que ter muitas profissões sempre”. Ele trabalha com quadrinhos há 24 anos e lançou os primeiros quadrinhos em revistas infantis em 1999. A sua empresa, a Kikomics está em 10 anos de atividade e publica quadrinhos de horror.
Analisando o mercado brasileiro, Daniel Saks observou que “no Brasil, hoje, eu sinto que não precisamos de personagens emblemáticos, o próprio enredo se sustenta.”, diferente das produções norte-americanas que precisam de super heróis com um nome de renome.
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