Foto: Feira POP Arquivo - 2024/ Jessica Allana Grossi

As mãos que criam

Neste 19 de março, dia do artesão, artesãs ponta-grossenses falam sobre o significado do artesanato

Você sabe me dizer o que é um artesão? Bom, segundo o dicionário, artesão é aquele que por meio de trabalhos manuais transforma a matéria-prima em produtos, ou seja, ceramistas, crocheteiros, pessoas que fazem bijuterias, bordados, entre outros trabalhos manuais. De acordo com o Censo de Cultura, Ponta Grossa conta com aproximadamente 300 artesãos.

Rosemary Koprovski é uma dessas artesãs de Ponta Grossa e para ela o ‘ser artesã’ é um pouco mais profundo. “É criar peças com todo meu amor, colocar tudo de bom que tenho no coração,  para que essa linguagem consiga cativar o cliente e trazer alegria ao lar de cada pessoa que adquirir um produto e que essa peça  sempre passe um sentimento bom a cada pessoa que tiver a oportunidade de observar cada detalhe. Que o artesanato possa trazer alegria aos olhos de quem tem a sensibilidade de admirar e o contentamento de receber esse trabalho de presente “, pontua. 

Rosemary tem ateliê próprio na cidade e nunca desperdiça a oportunidade de compartilhar seus conhecimentos. “Recentemente fui a Arapoti ministrar um curso de chinelos customizados onde o tempo de aula foi curto e as alunas não tinham conhecimento algum desse tipo de artesanato. Fiquei surpresa quando recebi o elogio de uma aluna que já vem se destacando e ganhando seu dinheiro com o que aprendeu comigo. Isso aconteceu também com muitas das alunas que aqui mesmo no Atelier que dei aulas, no Armarinho Kassy, alunas de Palmeira, de Carambeí e alunas do Projeto Reciclando o Mundo e a Mente com Arte que já vem fazendo suas peças e ganhando sua renda, isso não tem preço que pague. A satisfação de conseguir passar o que aprendemos e dividir com demais pessoas os ensinamentos” explica. O Projeto Reciclando o Mundo e a Mente com Arte está em sua segunda edição e foi financiado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc do município de Ponta Grossa.

A rotina de um trabalhador autônomo não é moleza como muita gente acha: Trabalhar em casa, sem chefe, escolher seus próprios horários. Ok, isso é bom, mas em contrapartida o trabalho triplica. Você acaba sendo, artista, produtora, editora, a pessoa que trabalha no financeiro, vendedora… enfim, muito trabalho em todas as etapas de sua produção. Rosemary aponta que nem sempre possui ajuda. “Na atualidade a gente sempre tem de estar buscando informação com uma ou outra pessoa, na questão das redes sociais e meios mais atuais, que evoluiu muito e nem sempre conseguimos acompanhar, mas pouquíssimas vezes tive ajuda.  Tive um anjo bom na trajetória que  me fez participar dos editais de cultura, que até então nem sabia que existia, mas talvez eu mesma não estava no lugar certo na hora certa”, finaliza.

Não muito diferente, Rosângela Santos Leffler, também artesã em Ponta Grossa, afirma que ama o que faz. “Me sinto bem e realizada pois trabalho com o que gosto e amo. Ser artesã pra mim é realizar o sonho das pessoas, deixar sua casa ou seu ambiente de trabalho lindo do jeito que a pessoa sonhou” comenta. A artesã é responsável pela organização da feirinha do Ponto Azul há 23 anos. Segundo Rosângela, mais de 100 pessoas passam pela feira diariamente. 

Para participar da feira tem alguns critérios, pois de acordo com Rosângela, o local é pequeno, então ela sempre preza por expositores com trabalhos variados. “Vai até lá apresenta seu trabalho e vemos se já não tem muitos iguais, pois nosso espaço é pequeno tem que ter um pouco de cada trabalho, aí fica sócio e trabalha junto com a gente. Eu até tenho um lema: entra quem quer e fica quem aguenta “, diz Rosângela em tom de piada. Para participar, é cobrado uma taxa de R$40,00 de adesão na Associação e depois paga-se R$20,00 por mês para taxa de condomínio e despesas extras que aparecem.

A Feirinha do Ponto Azul não é a única. Ponta Grossa possui outras como a Feira Pop, mas essa não tem data para o retorno das atividades. Fundada em 2024 pela Secretaria Municipal de Cultura, a feirinha reuniu mais de 80 artesãos na Feira do Produtor, durante todos os domingos de 2024, encerrando suas atividades em dezembro do ano passado com uma feira especial de natal. 

Outro local de exposição na cidade é a Casa do Artesão que aparece, pela primeira vez, no cenário pontagrossense em meados de 1989, sendo uma Associação criada com o apoio da Prefeitura de Ponta Grossa sem fins lucrativos. “Sendo assim, para participar precisa se associar conforme determina o Estatuto da Associação”, comenta a Conselheira de Cultura da cadeira de Economia Criativa, Maria Luiza.